Concerto de Estreia da Temporada 2019 da OSP

Todo início de temporada orquestral funciona como um marco. É no primeiro levare do ano que se escancara a continuidade dos projetos passados frente à ação do tempo. Da mesma maneira, são as estreias que preconizam as novidades de cada ano – de qual até qual ponto percorrerá a construção coletiva do grupo, e em quais aspectos ele será capaz de se desenvolver no descortinar do período que começa.

Com a casa completamente cheia, o concerto de abertura da temporada de 2019 da Orquestra Sinfônica do Paraná dificilmente poderia ter acontecido de melhor forma. Mesmo apostando em um repertório concomitantemente acessível e de difícil execução, a performance dedicada exclusivamente aos expoentes da música orquestral francesa foi feita para um Teatro Guaíra abarrotado de gente. A apresentação sob a batuta do Maestro Stefan Geiger teve lotação máxima do Teatro, e ocorreu graças ao patrocínio do Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná – IAOSP e ao apoio do Institut Français e da Aliança Francesa de Curitiba.

No repertório, Debussy, Dukas e Ravel. Três grandes representantes do máximo que pode ser feito com uma orquestra em termos de criatividade, variedade timbrística e de integração entre beleza imediata e complexidade musical. A escolha de Stefan Geiger para inciar os trabalhos de 2019 foi “La Mer”, do primeiro dos três compositores mencionados. Nela, Claude Debussy iniciou uma nova abordagem no que se entendia por harmonia à época. A peça soa imediatamente acessível, visto que as concepções musicais por ele introduzidas influenciaram intensamente gêneros populares, como o jazz e a bossa-nova.

Todo início de temporada orquestral funciona como um marco pois é possível compreender, a partir dele, os rumos para os quais os trabalhos musicais de uma Orquestra estão direcionados. No que diz respeito à Sinfônica do Paraná, há um horizonte inteiro à luz de um comandante que entende como poucos os meandros entre o complexo e o acessível, e a intrínseca necessidade de comunicação entre ambos. Tanto é verdade que o discurso de abertura do concerto, proferido por Geiger em português apesar dos percalços de seu sotaque alemão, teve reação parecida com a do término da apresentação: o ovacionar caloroso e ininterrupto de cada pessoa que se encontrava em um dos dois mil assentos existentes no Centro Cultural Teatro Guaíra.

 

Foto: Samuel Ferrari Lago

Texto: Francisco T. B. Bley