LUZES DA CIDADE, de Charlie Chaplin

Foto: City Lights @ Roy Export S.A.S

A popularidade meteórica de Charles Chaplin (1889 – 1977) dispensa apresentações formais. Ator, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante e dançarino, Chaplin se consagrou, ainda em vida, como um dos grandes expoentes da era do cinema mudo. Entre as mais notórias produções estão obras como “Em Busca do Ouro”, “Tempos Modernos”, “O Grande Ditador” e “O Imigrante”.
“Luzes da Cidade”, produzido em 1931, representa o auge da versatilidade do artista. Foi dirigido, estrelado e realizado por Charlie Chaplin em um período crítico de sua carreira, quando o cinema mudo dava lugar à inserção sonora. Diante do cenário de mudanças, a recepção do personagem responsável por sua fama até o momento, o Little Tramp, corria grande risco.
O reconhecimento universal de Tramp estava vinculado à estética dos filmes mudos, que era caracterizada pela abrangência quase irrestrita da linguagem mímica. A atribuição de um sotaque específico e de uma escolha de determinado vocabulário certamente comprometeria a projeção internacional do personagem.
Charlie Chaplin corajosamente decidiu, então, utilizar a força do seu nome e passou a fazer declarações na mídia sobre a moda passageira do som no cinema. Segundo ele, o modismo passaria em um ou dois anos. O intuito da constatação, de acordo com Chaplin, era construir algo que justificasse e mantivesse a sua posição como produtor de filmes mudos.
Assim, “Luzes da Cidade” foi classificado pelo artista como uma “Comédia em Pantomima”, em que o som estaria presente por meio de um dramático acompanhamento musical e efeitos sonoros pontuais. O próprio Chaplin foi responsável pela composição da trilha sonora que, segundo ele, seria “elegante e romântica”, capaz de provocar uma contraposição emocional e expressiva ao personagem Tramp. Para o artista, um trabalho artístico é incompleto sem a expressão do sentimento.
Em 2004, a partitura original da trilha de “Luzes da Cidade” foi restaurada pelo maestro e arranjador estadunidense Timothy Brock. A composição, que se utiliza de citações de canções populares como “La Violetera” de Jose Padilla, foi descoberta por Timothy Brock durante os estudos sobre o repertório orquestral para filmes mudos das décadas de 1920 e 1930. Brock dedicou anos de sua carreira às obras de Chaplin, tendo restaurado outras peças de filmes do artista. A película é considerada uma obra que representa uma era determinante da história do cinema, época repleta de significado musical que culmina na maior produção da carreira de Charlie Chaplin.
Nesta noite, o espetáculo contará com a performance do experiente maestro alemão Stefan Geiger que conduzirá a execução da Orquestra Sinfônica do Paraná.